Como contar uma história de amor?
- Fernando Cesarotti
- 17 de fev. de 2022
- 2 min de leitura
Leia abaixo o início do meu primeiro livro biográfico e veja como escrever pode ser bacana demais

O texto abaixo é a abertura de uma biografia que publiquei em fevereiro de 2008 e foi meu primeiro livro, “Amor de Ouro”. Ele contava a história de vida de meus tios-avós, Jane e Thomaz Belini, que naquele mês completavam 50 anos de casados.
O livro serviu também como parte do meu TCC na especialização em Jornalismo Literário que concluí em julho daquele ano. Neste curso, aprendi alguns conceitos sobre escrita criativa, jornada do herói e outros temas que vamos abordar aqui no site. Também pratiquei bastante a técnica de contar histórias reais com o uso de ferramentas vindas da ficção. Confira e voltamos a conversar daqui a pouco.
Chovia muito forte em Sorocaba naquela noite de 1953. A jovem Jane, garota baixa e bonita, olhos escuros e grandes como jabuticabas, cabelos pretos e curtos, caminha a passo apertado protegida por sua pequena sombrinha, em seu trajeto normal da escola Ciências e Letras, no centro da cidade, até sua casa, no bairro do Além-Ponte. Ela resiste ao assédio de um caminhão que a segue, luz forte acesa em suas costas, oferecendo carona. Ao lado de Jane, cansada, a amiga Lourdes insiste:
— Vamos, Jane, pegar uma carona com o moço.
— Eu, não! Você quer ficar falada? Eu é que não vou subir nesse caminhão e aparecer na rua de casa, imagine o que vão falar! Se você quiser ficar falada, vai lá, sobe no caminhão.
As duas garotas seguem seu trajeto e, meia hora depois, chegam ensopadas a suas casas. Atrás, ao volante do caminhão, resignado, o jovem Thomaz, colega de escola de Jane, volta para sua casa, em Votorantim. Ainda não foi desta vez, mas ele tentará de novo. Até que conseguirá.
Cinquenta e tantos anos depois, um casamento, uma vida inteira juntos, quatro filhos e seis netos depois, o velho caminhão Chevrolet ainda é motivo de uma saborosa discórdia.
— Mesmo depois de começar a namorar, eu nunca andei naquele caminhão. Nunca! Imagina, eu era garota pura, recatada, e o que a espanholada ia falar se me visse ali? — diz Jane, direta.
— Subiu, sim, é claro que subiu. Depois de namorar, andou várias vezes comigo no caminhão — rebate Thomaz.
— Eu não me lembro. Não me lembro. Acho que não.
Veja agora algumas das técnicas ficcionais que aparecem nesse texto:
Construção de cena: a ideia é que o leitor acompanhe a trajetória das duas moças, sendo seguidas por um caminhão, acompanhando suas conversas, como se estivesse assistindo a um filme ou uma série.
Descrição: essa sensação visual é acrescentada pela apresentação de características físicas da personagem.
Flashback: a história contada se passa em 1956 (ou 1955, eles já não tinham mais certeza), mas logo salta para 2007/2008, quando se torna uma conversa com os personagens no presente.
Gostou? Então me ajude, compartilhando esse conteúdo nas suas redes sociais e marcando os nossos perfis no Twitter e no Instagram. E, claro, aproveite para nos seguir e ficar ligado em mais dicas e novidades.
E, se tiver mais interesse em entender como contar esse tipo de história, ou se quiser me chamar para escrever a sua biografia ou a de alguém conhecido, é só entrar em contato aqui na página ao lado!
Comments